Em Minas Gerais, Cássia é daquelas cidades que conquistam pela simplicidade e pelo acolhimento. Nesta reportagem do “Qual o Roteiro?”, vamos conhecer histórias de tradição, fé, arte e sabor, vividas por gente que transforma o cotidiano em cultura viva.
Reportagem de Carla Zanon e Messias Junqueira
Imagens aéreas de Tarley Eugênio de Melo Pinto
Uma cidade com pouco mais de 17 mil habitantes, em Minas Gerais, encanta pelo jeito simples e pelo acolhimento do seu povo. Quem visita Cássia encontra lugares cheios de história, cultura, sabores e arte. Nossa viagem começa nesta loja de vasos de cerâmica. O trabalho foi iniciado pelo pai de Israela, em 1990, e continua até hoje com dedicação e mãos habilidosas.
“Meu pai, ele já fabricava, trabalhava em outra cerâmica e ele começou a fazer algumas peças, que a gente chama de miniatura. E ele aumentou a fabricação, começou a fabricar outros vasos, de tamanhos diferentes, de formatos diferentes, abriu uma porta maior e desde então está fabricando”, conta a proprietária, Israela Pimenta de Sousa.
Um vaso a por várias etapas até ficar pronto, e o trabalho manual é que define o resultado. Muitos consumidores contemplam a obra, mas sem conhecer o processo artístico.
“O barro chega e fica curtindo na água por um tempo, depois ele vai para uma máquina chamada maromba. Após a maromba, ele vai pro cilindro, onde são tirados os torrões para deixar ele mais fino, depois volta para a maromba, onde tira o ar e depois ele vai sair em forma de pilão. Aí vem a produção, que é o que ele está fazendo. Após a produção, a peça seca e vai para a torneação, que é o processo de acabamento, quando as peças vão ficar mais lisinhas. Depois as peças vão para a estufa para acelerar o processo de secagem e depois para o forno. Saindo do forno, as peças já estão prontas. Aí vem o acabamento da pintura, do desenho”, explicou Israela.
Me desafiei e tentei fazer um vaso… mas, como você pode ver, não deu muito certo. Ficou um pouquinho torto!
Depois da arte, uma pausa para o almoço. Chegamos ao Restaurante Ranchão, onde a tradição atravessa gerações. Os avós de Taísa iniciaram o empreendimento há mais de 40 anos.
“A minha vó e meu avô moravam aqui. Eles plantavam várias coisas e ava muita gente na rodovia, porque aqui é bem próximo da rodovia, e apareceu um casal pedindo comida. No dia que esse pessoal apareceu, era aniversário do meu tio e minha avó tinha feito um almoço mais caprichado, e serviu essa comida que eles estavam comendo para esse casal. E o pessoal gostou muito da comida da minha avó e pediu, se encomendasse para ela, ela poderia fazer na outra semana e tudo mais. E eles foram pedindo e encomendando”, conta a proprietária, Taísa de Sousa Paiva Oliveira.
No restaurante, os pratos principais fazem sucesso entre os clientes. Taísa revela os sabores que mais agradam.
“A carne de porco na lata, o frango ao molho, o frango caipira e a linguiça que a gente fabrica aqui, que foi uma receita que ela e meu pai fizeram, os dois juntos. E a gente está preservando ela até hoje”, completou Taísa.
Quem a por lá, aprova. E não é difícil entender o por quê!
“Hoje eu comecei com a verdura e depois o feijão tropeiro com frango. Um lugar muito aconchegante, muito gostoso, uma comida muito gostosa”, conta o cliente do restaurante Vinicius Correa Martins.
Para encerrar nossa visita subimos até a Colina de Santa Rita. Um espaço construído por moradores e que recebe peregrinos de todo o Brasil. Dona Inês, moradora da cidade, viu tudo começar de perto.
“O Zé Reinaldo doou o terreno para fazer uma Igreja e construir uma capelinha, não tinha escada, não tinha nada. A gente subia por uma rampa. Essa aqui é a sala dos milagres. E lá onde está a oração dela é aonde apresenta ela pra gente, para todos. Se vier, a Igreja estiver fechada, faz oração ali”, explica a aposentada, Inês Augusta Alves.
Cássia é feita de gente simples, dedicada e cheia de fé. Uma cidade que acolhe, escuta e se orgulha das suas raízes. Se você ainda não conhece, vale a pena colocar Cássia no seu roteiro de descobertas por Minas Gerais.