Da exclusão à dignidade. Pessoas com trajetória de rua agora produzem sabão a partir de óleo usado, em uma iniciativa que une cuidado com o meio ambiente e oportunidade de recomeço. A nova fase do projeto “Pop Limp” foi lançada em Belo Horizonte.
Reportagem de Monizy Amorim e Daniel Camargo
Durante nove anos, Cleyber viveu nas ruas. Mas tudo começou a mudar durante a pandemia, quando a Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte criou o programa “Pop Limp”, uma iniciativa que envolve pessoas com trajetória de rua na produção e venda artesanal de produtos de limpeza.
“Isso nos ajudou a resgatar a nossa autoestima e a gente agradece muito essa rede de parceiros”, disse o empreendedor social, Cleyber Teotônio.
Hoje o programa ganhou um reforço com o lançamento do Projeto Limpeza que Sustenta, que recolherá óleo de cozinha usado na capital mineira para ser transformado em sabão por pessoas com trajetória de rua.
A iniciativa é fruto da união entre a Arquidiocese de Belo Horizonte e a Copasa – Companhia de Saneamento de Minas Gerais.
“Todas as paróquias participarão deste projeto, nos ajudando na divulgação e sobretudo, na coleta da matéria para a fabricação do sabão, que é o óleo de cozinha usado”, explica o Vigário Episcopal do Vicariato Ação Social da Arquidiocese de Belo Horizonte, padre Roberto Rubens.
A Superintendente do Desenvolvimento Sustentável da Copasa, Luciana Barbosa, explicou: “Nosso papel é divulgar, fazer a coleta desse óleo, fazer o transporte desse óleo para o ‘Pop Limp’. E também a gente tem pontos de coleta da Copasa, a gente desenvolve as peças de divulgação, enfim, promovendo o engajamento da população com essa campanha”.
No ‘Pop Limp’ cada 20 litros de óleo rendem, em média, 40 barras de sabão. Para o meio ambiente, é uma chance de dar destino sustentável a um resíduo que normalmente iria para o lixo. Para quem produz e vende é a possibilidade concreta de reescrever a própria história, agora fortalecida por parcerias que ampliam o alcance do projeto.
“O projeto, além de tirar da rua, ensina a gente voltar de novo, fazer parte da sociedade. Sempre no final do túnel, sempre no final do posto, sempre tem uma luz para te ajudar”, disse o empreendedor social, Sérgio Marcone.